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  • Foto do escritorDaniel Campanha

Vida de Bigger: Daniel Campanha

No artigo desta semana, Daniel Campanha, Analista de Desenvolvimento, fala um pouco sobre sua trajetória profissional, como chegou até a BigDataCorp, e, como, a partir de seu olhar, enxerga as diferenças nas tratativas e oportunidades entre pessoas brancas e pessoas pretas, tanto na sociedade, quanto nos ambientes de trabalho. Boa leitura!



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Olá, pessoal! Meu nome é Daniel, mas podem me chamar de Dani 😀 Faço parte do time de Suporte da BigDataCorp. Minha trajetória profissional começou em 2009, quando entrei na FAETEC (Escola de Ensino Médio Técnico) de Niterói, e me tornei Técnico em Eletrônica. Minha primeira experiência programando foi nesta escola, onde trabalhei com C.


Meu pai também é da área de Eletrônica, e tem uma empresa, onde trabalhei por uns 2 anos. Foi uma experiência legal, mas não o suficiente para seguir carreira. Foi um pouco difícil deixar a empresa para trás, pois a ideia era que eu a herdasse e seguisse tocando o negócio criado por ele. Mas não era o que eu queria. O que eu queria mesmo era fazer faculdade na área de TI.


Me joguei nos vestibulares para conseguir uma vaga na faculdade - alguma que fosse de graça, pois não tinha como pagar. Foram mais de dois anos de busca. Passei por duas faculdades até chegar na que me formei: a UniLaSalle RJ.


Durante este período, tive três oportunidades de trabalho em diferentes empresas. Fui Jovem Aprendiz no setor de Informática da Faculdade (onde trabalhei com o Michel, que hoje faz parte do time do BigID); trabalhei na Olimpic Broadcast Services, nas Olimpíadas Rio 2016, a empresa responsável por todas as transmissões dos jogos e bastidores; e, por último, no BNDES, onde fiz estágio na área de suporte a banco de dados. Foram 5 anos de muito aprendizado, networking bem-feito e de amizades que levo para a vida.


Ao término deste ciclo, em Setembro de 2019, meu caminho se cruzou com o da BDC. Comecei no time do BigID, ainda presencialmente, em nossa sede, no Rio de Janeiro, em um mundo pré-pandemia (saudades, não é minha filha?).


A pandemia mexeu com minha cabeça em muitos sentidos. Acredito que todo mundo tenha passado por isso, não é mesmo? Para mim, além de ter a mente desafiada, me vi em uma situação inédita: deixei meu cabelo crescer. Fiz isso por uma série de motivos: do medo de sair de casa e ter contato com cabeleireiros, à curiosidade de me ver diferente, sem ter o mesmo cabelo baixinho que tive durante toda minha vida.


Pode parecer algo pequeno, mas esse cabelo, esse “carinha inofensivo”, desencadeou uma série de questões internas e externas. Pessoas incomodadas com meu cabelo “fora do padrão” de sempre, começaram a aparecer, dentro e fora da minha bolha familiar. Surgiram comentários como “que cabelo é esse cara, corta isso!”, “tá muito estranho, tá com cara suja”, e por incrível que pareça teve até “tá parecendo um morador de rua”.


Mesmo que eu estivesse triste, seguia curioso para entender o porquê de tanto comentário negativo sobre meu cabelo, eu pensava “cara, é um cabelo, não é possível que incomode tanto”. E nesse processo vi que, o pessoal do “cabelo liso” super apoiava minha jornada capilar, enquanto os de “cabelos crespos” se incomodavam com outro cabelo crespo crescendo.

Eu sei que tô misturando assuntos, mas trouxe minha jornada para dizer que a pandemia me acordou para o chamado racismo estrutural. Foram tantos anos sofrendo preconceitos e discriminações, que pessoas pretas já estavam acostumadas a não aceitarem suas próprias faces e, mesmo sem perceber, acabavam reproduzindo atos em busca da aceitação da sociedade.


Em pleno mês da Consciência Negra, é triste dizer que ainda estamos acostumados a ver notícias com chamadas como “pessoa preta é xingada de macaco”, e toda ofensa bizarra que pessoas pretas sofrem no decorrer de suas vidas. Durante o Governo Sarney, em 1989, tais atos viraram crime - é claro que ainda há muito a ser feito, mas serviu como o pontapé inicial. Este tipo de racismo, mais violento ou escancarado, é mais fácil de observar e tentar tomar alguma medida sobre.


O grande problema do racismo estrutural é que ele está enraizado na sociedade, você pode até não ver, ou não perceber, mas ele está sempre ali. Já parou para pensar quantos preconceitos nós carregamos e nem percebemos?


  1. O carinha “mal vestido” que de alguma forma é ameaça.

  2. A mulher com bebê no colo deve ser mãe solteira e não tem uma boa renda.

  3. O carinha que está vendo/mexendo na prateleira da loja provavelmente trabalha lá.

  4. Seu amigo preto, nasceu no subúrbio, então ele deve amar pagode, funk e samba.


E por aí vai...


Com esse processo, passei a entender que as críticas que meus parentes reproduziam eram reflexo do que eles viviam/viveram. Meu pai, que é minha referência no contexto profissional demorou meses para entender que eu, de home office, posso trabalhar de camiseta, bermuda, cabelo bagunçado e mesmo assim fazer um trabalho tão importante quanto um advogado que sai de roupa social no centro da cidade. Sempre houve cobrança de que eu e meus irmãos andássemos muito bem vestidos para não sofrer nenhuma crítica fora de casa.


Olhei para trás e entendi questões, do tipo “por que eu não tive professores pretos na faculdade?”, “por que os banners de salão de beleza são sempre com fotos de gente branca?”, “por que qualquer pessoa preta cai em categoria de R&B/Hip-Hop no Grammy, mesmo que o artista cante outro estilo musical?”, etc.


Hoje, trabalhando num ambiente diverso e com pessoas incríveis, vejo que cheguei em um lugar que, infelizmente, pouca gente preta e pobre vai chegar algum dia, e não por falta de capacidade, mas por falta de oportunidade, por vivermos em um país que, após abolir a escravidão, não trouxe políticas públicas para o povo negro ser integrado na sociedade, por até hoje termos pouquíssimas políticas que possam dar suporte às pessoas pretas se reerguerem, mantendo-as em lugares periféricos e com pouca oportunidade.


Trabalhar na BigDataCorp abriu meu horizonte, e hoje vejo o quão importante é eu estar aqui, sendo presente nesse espaço que conquistei, que foi resultado de uma luta, que começou lá atrás com nomes como Martin Luther King, Malcom X, Elza Soares, Marielle Franco e tantos outros que estão até hoje lutando para abrir espaços, criar oportunidades e combater todo e qualquer tipo de preconceito contra as pessoas pretas, que somam hoje em torno de 55% da população do Brasil.


Fico feliz em poder fazer parte de um time que apoia o crescimento e dá oportunidade. Quero ser parte da transformação e ver cada dia mais negros em ambientes de trabalho dignos, com bons cargos e sendo respeitados, com seus cabelos, cores e culturas!




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